terça-feira, 30 de dezembro de 2008

A saga do Natal está no ar e preciso desabafar.
Eu já falei que odeio shopping?
Pois é, odeio.
Anota aí no caderninho de avaliação.
Mas assim, odeio mesmo.
Aquele ódio ruim, aquele que dizem que não devemos sentir porque atrai doenças cardíacas ou isso e aquilo.
Pois bem, se depender desse daí eu to lascada ao quadrado.
Aliás, apaga o que escreveu e anota novamente.
Eu odiava shopping.
Agora só tenho raiva um pouquinho.
Porque quando você começa um relacionamento, é preciso mudar e isso inclui tirar o ódio do coração.
Ho ho ho é natal!
Ela já tinha comprado a maioria dos presentes e eu absolutamente nada, nem o dela inclusive.
Na minha enorme ignorância imaginei que pudesse ir às compras sozinha.
Lá fui eu.
Nada de centro da capital.
Fiquei pela província mesmo, nos arredores tinha certeza que iria achar na mesma facilidade como quando vou comprar pão.“ moço, me dar dez pães de sal, por favor.”
Pronto, teria sido simples, muito simples, se o cara não estivesse estacionado o carro no meio da rua e já começasse a dificultar a minha chegada.
Problema resolvido.
Bingo! Lá fui eu!!
Loja 01 – lotada
Loja 02 – socada
Loja 03 – mais ou menos lotada.
Ok, opção três.
Achei uma moça gentil e ela ficou ali, pertinho, atendendo as minhas solicitações.
Eu: querida, quero uma blusa branca, me dar essa aqui, só que g.
Ela: não tem mais tamanho g dessa, acabou. Quer essa? Essa tem!Eu: Opa! Essa é linda! Mas não pode, tem cor preta e ela não pode.
E fomos assim, nessa guerra.
Preta? Não pode! E calça? Só se for sem stresh! Gostou dessa blusa? Não, ela não vai gostar desse laço. E essa xadrez? Ela gosta de xadrez, mas essa ta enorme. E essa branca com um simples botão na frente?
Opaaaaaaaaa!!! Pronto. Fechou.
Lá fui eu bem satisfeita pro caixa. “ senhora, troca em até oito dias, com essa nota na mão!”
Ok. Guardar a nota foi o primeiro passo.
Porque na minha bolsa cabe tudo e perde tudo na mesma proporção.
Já tinha deixado de lado a possibilidade de comprar qualquer coisa, até pão!
Satisfeita, blusa linda!Não deu nem tempo de embrulhar e a decepção foi imediata.
“ é tamanho p, não dar...”
Cara de triste e lá fui trocar.
Outra briga com a mesma vendedora.
Saí com “A Blusa”, toda me achando a pessoa ideal para ir às compras.
Dessa vez embrulhei!
“ não dar também, muito pequena.”
Ok, peguei pelo braço e fomos juntas.
Apresentei a vendedora e pronto, muito mais fácil.
Foi, escolheu e saímos felizes.
Ta, não saí tão feliz, fomos rumo ao shopping, lá na grande capital baiana.
Já falei que foi hoje? Na véspera de Natal? Pois foi.
No carro já fui fechando acordo.
Anota aí no caderno: nos relacionamentos existem acordos e eles são importantíssimos.
O acordo foi simples. Chegamos, vamos às lojas certas, compramos e saímos. Ok?
Ok.
Acordo fechado.
Quando estamos no meio do caminho, surge uma questão.
“ mas ó, preciso comprar minha calça e essa vai ter que procurar porque não sei onde tem ainda.”
Pronto, meu coração acelerou, mas nada de demonstrar nervosismo, fomos na paz.
Chegamos, almoçamos, compramos o que já estava combinado.
Camisa do pai e do irmão:
“Verde ou cinza?Embrulha as duas que lá eu resolvo quem vai ganhar o quê.”
Presente da mãe:
“ leva esse kit que ta uma graça”
Ok.Pronto, nem doeu.
Mas se fosse assim seria fácil demais.
Se fosse assim eu ate teria passado pra tirar foto com papai Noel.
Faltava a calça.
Vocês já tentaram comprar uma calça feminina sem stresh?Não tentem.
O stresh é um stress.
Com todo valor da brincadeira com as palavras.
Loja 01 – lotada
Entramos e fuçamos, fuçamos, fuçamos.
Nada.
Loja 02 – Cheia
Entramos e fuçamos e fuçamos e fuçamos e achamos!
Tudo certo?
Errado.
Tinha stresh, pouco mais tinha.
Apertou aqui, ficou assim ali.
Loja 03 – socada ao quadrado.
Juro que quando chegamos e vi a fila do caixa eu queria sair correndo.
Mas fiquei firme, segurei a onda e seguimos em frente.
Fuçamos, fuçamos, fuçamos, fuçaaaaaaaaaaaaamos e achamos!
Tudo certo?
Errado.
Só depois vimos que a calça era preta e preta não pode.
Pronto.
Acabou, joguei a toalha branca, desisti.
Quando saímos da loja batemos de cara com uma loja indiana.
Com uma calça de algodão na vitrine.
Entrou, experimentou e comprou.
Simples assim.
Depois disso tudo fomos tomar sorvete.
“Mas só duas colheradas porque você está de dieta.”
Ok. Nada de muito sorvete.
Deixei em casa e segui rumo ao lar.
& msg no celular &
“Esqueci da massa para levar amanha pra festa de natal.”
Liguei para tranqüilizar e dizer que no dia seguinte faremos isso.
E o que escuto?
“ Acredita que não achei uma blusa que combinasse com a calça? “
Não pessoas, não vale dar risada.
Confesso que na hora deixei escapar...
“ Fudeu! “

Mas querem saber?
Foi ótimo.
As compras e principalmente a companhia...

Um maravilhoso Natal sem stresh, sem stress, sem compras e com muito amor e saúde.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Covarde

Detesto covardia.

A briga tem que ser de igual pra igual.

Olho no olho.

Esse négocio de ficar escondido e depois dar um pontapé pelas costas não vale.

tem que chegar de cara, gritar logo:

" tô aqui porra, vem me encarar"

Aí sim, aí a pessoa arregaça as mangas e vai à luta!

Esse lance e covardia não tá com nada.

E aí que o telefone toca.



Fulana: barbara, sou eu, fulana

eu: oi fulana, diga aí.

fulana: tem noticias de cicrano?

eu: não, pq?

fulana: pq estive no gabinete e me disseram que ele ta doente

eu: é mentira, falei com cicrano ontem e ele nao disse nada.

fulana: liga pra saber

eu: blza

********************



Eu: nego, sou eu.

cicraco: fala neguinha!

eu: velho, vc ta doente?

cicrano: to nega, mas nao queria que vc soubesse, nao quero você se preocupando comigo.

eu: vá se lenhar que nao é vc que decide isso.

cicrano: senti falta disso na hora que recebi a noticia, senti falta de você dizendo " nego, sou mais a gente nessa porra!"

eu: ( muda )

cicrano: ( mudo )

eu: conta comigo.

cicrano: sempre.

eu: como tá na real?

cicrano: com medo.

eu: sou mais a gente nessa porra, essa casseta dessa doença covarde!

cicrano: neguinha, reza por mim, tá? saudades.

eu: xêro

cicrano: dois.

***********************



Cicrano é o diretor mais fofo do mundo.

Dirige uma cena com uma leveza fantástica.

Grita, briga, manda se lenhar.

Meio segundo depois ele olha e diz: " O que você acha dessa cena? Dirige aí pra mim."

Trabalhamos juntos quase quatro meses seguidos.

Ele chegava de viagem as seis da manha, eu tinha acabado de chegar da gravação, mas ele não tava nem aí, batia na porta do 001 e gritava: " acorda e vem tomar café comigo"

E eu ía.

Uma amizade firme se criou.

Amizade sincera.

De confidências, de planos profissionais juntos, de risadas, brigas...

Enfim, amizade de verdade.





Câncer no esôfago é muita covardia.

Foi um soco no meu estômago.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Sou você

Sou você.
Sempre fugi dessa frase.
Sempre achei muito agressiva, muito bruta.
Afirmar que se é alguém muitas vezes remete a idéia de invasão, falta de respeito, viver a vida do outro.
Mas aí o tempo vai passando, as experiência vão surgindo, as pessoas acontecendo e aí as coisas começam a ficar mais leves, menos agressivas.
Dizer "te amo" já não pesa tanto, porque vem da alma, vem daquela vontade do amar mais e mais, do amor puro e sincero.
Chorar por ciúme não é mais vergonha, é uma fragilidade que se mostra ao outro para que juntos possam cuidar.
Já não se tem as opiniões tão firmes, porque antes o voltar o que foi rompido estava fora de cogitação, hoje já não se enxerga mais assim.
Já se conhecem mais, se respeitam mais, discutem mais e se ama mais, cada vez mais.
E como nosso querido Lulu Santos diz: "assim caminha a humanidade..."
Vamos em frente, caminhando nem sempre com passos de formiga e muitas vezes com mais vontade do que o que cabe.
Eu sou você.
Sou você nos meus planos, nas minhas melhores risadas, nos objetivos conquistados, nas decepções que aparecem, nas alegrias, nas tristezas, na vontade de estar junto, na vontade de ficar sozinha um pouco.
Sou você cada vez mais.
Porque ser você me faz bem e não é agressivo.
Ser você nao me faz ser egoísta, evasiva ou qualquer outra coisa negativa.
Sou você, você sou eu.
Nos misturamos nas vontades divididas, diferentes, respeitas e idênticas.
Uma confusão que nos mistura e nos separa.
Sou você.
Você sou eu.
E eis que surge Caetano, sim, o Veloso, até parece que o "parentesco" fez ele ter mais inspiração para escrever.
E ele traduz, escreve e declama perfeitamente aquilo que me aperta o peito.
E é assim, ouvindo o Veloso que mando beijos para Veloso.
Meu amor, meu grande amor.

“ Sou Você
Caetano Veloso

Mar sob o céu, cidade na luz
Mundo meu, canção que eu compus
Mudou tudo, agora é você

A minha voz que era da amplidão
Do universo, da multidão
Hoje canta só por você

Minha mulher, meu amor, meu lugar
Antes de você chegar
Era tudo saudade
Meu canto mudo no ar
Faz do seu nome hoje o céu da cidade

Lua no mar, estrelas no chão
Aos seus pés, entre as suas mãos
Tudo quer alcançar você

Levanta o sol do meu coração
Já não vivo, nem morro em vão
Sou mais eu, porque sou você”

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Minha liberdade disfarçada

Sinto falta da tranquilidade do seu amor.
Sinto saudade do seu silêncio.
A minha necessidade de tagarelar o tempo todo se perde quando percebo que você não está ao lado para escutar, de forma atenta, como sempre faz.
Olho para a vitamina e faço bico que não vou tomar, mas aí depois lembro que a pirraça nao adianta, porque você não está perto para brigar e dizer que tenho que tomar e pronto.
Sinto vontade de sair, andar, tomar todas e ficar solta.
E faço.
E em menos de meia hora vi uma casa que lembrei de você, um presente que é sua cara e a música que você ama acabou de tocar.
Aí eu finjo que não foi nada e sigo minha liberdade disfarçada.
Coloco boné, que você detesta.
Ando de maneira relaxada, que você briga.
Como besteira o tempo todo, que você não deixa.
Passo o dia assim.
Passo dois dias assim.
E a todo instante percebo que olho para a porta e para o relogio, esperando a hora de você chegar.
Porque eu gosto mesmo é da liberdade que você me dá, estando ao meu lado.
Amo o seu jeito de brigar só olhando.
Acho lindo quando você finge que tá zangada, mas na verdade é dengo disfarçado.
Assim, você chegando, me tirando do controle, me fazendo ser eu mesma.
Porque ao seu lado eu posso, com você ao meu lado eu posso tudo.
Você faz parte dos meus sonhos, mora no meu castelo e será para sempre a minha princesa.
Aí, mas uma vez eu pertubando.
Porque eu sei que você detesta esse meu jeito brega de amar....
Mas ainda assim, me ama.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Anjo eu não sou.

Eu acredito em anjo.
Acredito mesmo.
Já tive provas reais e concretas de que eles existem.
Não, sem esse papo de cabelo loiro, olho azul e cara de bonzinho.
Os meus já apareceram de maneiras mil.
Homem, mulher, alto, baixo, gordo, magro e todos, sem exceção, com um sorriso inigualável.
Pronto, querem uma dica?
Se liguem no sorriso.
Se aparecer aquele com sorriso fácil e doce, coisa única de se ver vá por mim, analise bem, ele pode ser um anjo.
Falar dos meus anjos é falar de pessoas que se tornam especiais em momentos em que nada pode ser especial, no momento em que tudo pode dar errado ou quase tudo pode me fazer arrepender-se de acreditar em alguém, aí pimba, surgem os anjos!
E eles nem sempre vêem pra me dar carinho e me passar a mão na cabeça ( apesar do bendito sorriso ), mas anjo é anjo, e mesmo dando mil broncas, conseguem se fazer especiais.
A novidade é que estão querendo confundir a minha cabeça dizendo que eu também sou anjo.
Que eu não sei, que me deram uma pílula para esquecer tudo, mas que eu sou anjo sim.
E ainda me colocaram como um anjo ”da porra”, especial e isso e aquilo.
Mas, como assim?
Eu?
Anjo?
Gente, eu sou total sem paciência, eu dou risada alto ( não tenho sorriso de anjo ), eu xingo, eu faço e aconteço.
Então, vou avisando: não sou anjo.
Alguém deve ter errado o nome na ficha, alguém passou a caneta por cima da ficha errada e mandou descer...
Porque anjo eu não sou.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Porque quando eu acho que não te amo mais, percebo que te amo muito mais.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Pra você

E durante muito tempo resisti e neguei.Neguei vontades, desejos, neguei o amor que bati e insistia em bater.Fiz cara de poucos amigos e segui em frente.Mas o amor é paciente, ele espera.Espera vivermos o que temos pra viver, espera curtirmos o que temos pra curtir, na hora certa ele bate de novo, ele vem e cobra aquilo que já estava prometido, o que já havia sido dito.E aí, nessa hora ele não alivia.Não ta nem aí se você quer ou não quer.Vem, bate e se for preciso ele machuca.E então me entreguei.Abracei o amor, fiz as pazes com ele e disse o sim esperado pacientemente.Mas aí foi que o amor me disse que não seria tão fácil.E perguntou se eu estava preparada para viver tudo.Ah, depois de tanto tempo esperando?Claro que estou.Então ele trouxe a convivência, as diferenças, as brigas, os ciúmes...E eu, de peito aberto fui aprendendo a lidar com todos eles.Mas muito sentimento num espaço pequeno acaba causando problemas.A vontade é pegar todos, enfiar num quarto e trancar.Mas aí o amor entra na conversa e diz que não, que é preciso aprender a conviver.Que é preciso amar mesmo com a rotina da convivência, com as inúmeras diferenças, com as brigas do dia a dia e com os ciúmes que insistem em aparecer.E é isso que venho fazendo.Aprendendo, aprendendo e aprendendo.Porque enquanto esse amor esperava por mim eu me preparava para recebê-lo.Não amor, não abro mão de você.

Pra você

E durante muito tempo resisti e neguei.Neguei vontades, desejos, neguei o amor que bati e insistia em bater.Fiz cara de poucos amigos e segui em frente.Mas o amor é paciente, ele espera.Espera vivermos o que temos pra viver, espera curtirmos o que temos pra curtir, na hora certa ele bate de novo, ele vem e cobra aquilo que já estava prometido, o que já havia sido dito.E aí, nessa hora ele não alivia.Não ta nem aí se você quer ou não quer.Vem, bate e se for preciso ele machuca.E então me entreguei.Abracei o amor, fiz as pazes com ele e disse o sim esperado pacientemente.Mas aí foi que o amor me disse que não seria tão fácil.E perguntou se eu estava preparada para viver tudo.Ah, depois de tanto tempo esperando?Claro que estou.Então ele trouxe a convivência, as diferenças, as brigas, os ciúmes...E eu, de peito aberto fui aprendendo a lidar com todos eles.Mas muito sentimento num espaço pequeno acaba causando problemas.A vontade é pegar todos, enfiar num quarto e trancar.Mas aí o amor entra na conversa e diz que não, que é preciso aprender a conviver.Que é preciso amar mesmo com a rotina da convivência, com as inúmeras diferenças, com as brigas do dia a dia e com os ciúmes que insistem em aparecer.E é isso que venho fazendo.Aprendendo, aprendendo e aprendendo.Porque enquanto esse amor esperava por mim eu me preparava para recebê-lo.Não amor, não abro mão de você.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

...

Aparentementes somos muito diferentes.
Mas olhando direito somos completamente iguais.
A mesma pressa em viver, rapidez em responder, leveza pra nada.
Ama demais, chora demais, rir demais, tudo demasiadamente demasiado.
Duas pessoas assim, convivendo no mesmo espaço.
É choque na certa.
Brigas.
Discussões intermináveis.
Gritam que são diferentes, mas observam que são idênticas.
E nesse momento alguem tem que calar e ouvir.
Mas isso acontece quase que no par ou ímpar, pq ninguém que ceder.
Mas acontece.
E o amor explode e voa alto e ultrapassa limites.
Um amor que não faz a menor idéia da força que tem.

Ela: "Acho que te amo, bateu uma saudade agora."
Eu: " Você acha? Eu tenho certeza que te amo. Boba."

É isso, amo minha mãe.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Sobre urubus e beija-flores

Existem textos que eu gostaria muito de ter escrito.
Esse é um deles.
Não sei quem escreveu, só sei que recebi em um momento em que realmente precisava ler.
Tenho várias coisas para escrever.
Mas não se preocupem, está tudo listado para eu não esquecer.
Leiam aí, bom mesmo.

beijos


Sobre urubus e beija-flores


Eu estava terminando a leitura de um artigo científico. De vez em quando é bom ler ciência. A gente fica mais sabido. Tudo explicadinho. No final das contas, tudo se deve a esse gigantesco infinitamente pequeno disquete que existe dentro das células do corpo chamado DNA. Nele está gravado o nosso destino.
Antes de existir, eu já estava "programado" inteiro: a cor dos meus olhos, as linhas do meu rosto, a minha altura, os cabelos brancos precoces, o seu adeus que nada
consegue evitar, o sexo. Dizem alguns que lá está até um relógio que marca quantos anos eu vou viver. E é implacável: o que a natureza põe, não há homem que disponha. Programa mais complicado que o DNA não existe. Tudo tem de acontecer direitinho, na ordem certa. E quase sempre acontece. Quase sempre... Vez por outra uma coisinha não
acontece segundo o programado. E o resultado é uma coisa diferente. Assim aparecem os daltônicos, que não vêem as cores do jeito como a maioria vê. Ou o canhoto, que tem de tocar violão ao contrário. De vez em quando, uma criança com síndrome de Down. E quem não me garante que Mozart não foi também um equívoco do DNA? Pelo que sei, a receita não se repetiu até hoje... O artigo prosseguia para mostrar que é assim que, vez por outra, aparecem pessoas com uma sensibilidade sexual diferente: os homossexuais. Tudo aconteceu lá no DNA: um relezinho que funcionou de maneira não programada. Primeiro, caiu o relê que determina o sexo, se vai ser homem ou mulher. Depois, o relê que determina os caracteres secundários, que fazem a "imagem" do homem e
da mulher. Por fim, o relê que determina o objeto que vai disparar as reações químicas e hidráulicas necessárias para o ato sexual. Esse objeto é uma imagem. Nos heterossexuais, é a imagem de uma mulher. Nas mulheres heterossexuais, é a imagem de um homem que faz o seu corpo estremecer. Acontece, entretanto, que por vezes esse último relê não funciona e a pessoa fica ligada à imagem do seu próprio sexo. A imagem que vai como­ver seu corpo é uma imagem semelhante à sua.
E isso que é ser homossexual.
O homossexualismo é uma condição estética. Tudo por obra do DNA.
Nada tem a ver com educação, com a mãe ou com o pai.
Ninguém é culpado, pois culpa só pode existir quando existe uma escolha. Mas ninguém escolheu. Foi o DNA que fez. E nem pode ser pecado. Pois pecado só existe onde existe culpa. E nem pode ser curado, pois o que a natureza fez não pode ser desfeito.
E foi nesse momento eu estava meditando sobre essas coisas que fogem à compreensão
dos homens, como a origem do DNA, o processo pelo qual ele foi estabelecido, se por acidente, se por tentativa e erro, se por obra de algum programador invisível — que uma coisa estranha aconteceu: um barulho como eu nunca ouvira, no meu jardim. Tirei os olhos do artigo, olhei através do vidro da janela e o que vi — inacreditável — um urubu, sim um urubu, batendo furiosamente as asas como s fosse um beija-flor, diante de uma flor de alamanda sugando o melzinho. Achei que estava tendo alucinação, mas não. Era verdade. O urubu, ao ver meu espanto, pousou no galho de uma árvore de sândalo e começou a se explicar, do jeito mesmo que acontecia. Sofro muito. Nasci diferente. Urubu, todo mundo sabe, gosta de carniça. Basta que se anuncie carcaça de algum cavalo morto, os olhos dos urubu ficam brilhando, a saliva escorre pelos cantos do bicos, a língua fica de fora — e lá vão eles churrasquear. Urubu acha carniça coisa fina, manjar divino! Eles não a trocariam por uma flor de alamanda por nada nesse mundo! Mas eu nasci diferente. Meus pais, coitado morreram de vergonha quando ficaram sabendo que eu, às escondidas, sugava o mel das flores. Compreensível.
O sonho de todo pai é ter um filho normal, isto é, igual a todos. Urubu normal gosta de carniça. Eu não gostava. Era anormal. Fiquei sendo objeto de zombaria. Na escola, logo descobriram minhas preferências alimentares. E impossível esconder. Se todo o mundo está comendo carniça e você não come, que explicação você pode dar? Aí meus pais começaram a sofrer, pensando que eu era assim por causa de alguma coisa errada que tinham feito na minha educação. Me mandaram para o padre. Severo, ele abriu um livro sagrado e disse que Deus, o Grande Urubu, estabelecera que carniça é o manjar divino. Urubu, por natureza e por vontade divina, tem de comer carniça. Chupar mel é contra a
natureza. Urubu que chupa mel de flor está em pecado mortal. Ter­minou dizendo que eu iria para o inferno se não mudasse meus hábitos alimentares. E me deu, como penitência, participar de cinco churrascos. Saí de lá me sentindo o mais miserável dos pecadores. Mas o medo não foi capaz de mudar o meu amor pelas flores. Não cumpri a
penitência. Meus pais me mandaram, então, para um psicanalista que cobrava R$120,00 por sessão. Todos os sacrifícios são válidos para fazer o filho ficar normal. A análise durou vários anos. Ao final, fui informado que eu gostava de mel porque odiava meu pai, a quem eu queria matar, para ficar sozinho com a minha mãe. Aí, além de pecador,
passei a sofrer a maldição de Édipo. Continuei a gostar do mel da flores. Por isso estou aqui, no seu jardim". Houve um momento de silêncio e eu vi o que nunca havia visto: um urubu chorando. Notei que sua lágrimas não eram diferentes das minhas. Aí ele continuou: Gosto das flores. Não quero gostar de carniça. Não quero ficar igual aos
outros. Só tenho um desejo: gostaria de não ter vergonha, gostaria que não zombassem de mim, chamando-me de 'beija flor', eu não sou beija-flor. Sou um urubu. Eu gostaria de ter amigos... O que me dói não é a minha preferência alimentar, pois não fui eu quem me fiz assim. O que me dói é minha solidão. Gosto de flores por culpa do DNA. Mas a minha solidão é por culpa dos outros urubus, que poderiam ser meus amigos". Ditas essas palavras, ele se despediu e voou par uma alamanda do jardim vizinho. E eu fiquei a pensar que o mundo seria mais feliz se todos pudessem se alimentar do que gostam, sem ter de se esconder ou se explicar. Afinal ninguém é culpado por aquilo que a natureza faz ou deixou de fazer.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Nada de obrigações

Nada de obrigações.
As relações se constituem por inúmeras razões, menos por obrigação.
Não, isso aqui não vai virar consultório sentimental e eu não estou nem um pouco interessada em arreganhar minha vida.
Mas existem coisas que precisam ser ditas, precisam ser de conhecimento de todos.
Então informo a vocês que não as relações não se constituem por obrigação de estar com o outro.
E isso vale pra amizade também, principalmente pra amizade.
Mas falar de relacionamento remete a amor.
Não tem jeito.
Então não vamos fugir a regra, não é?
Pronto.
Então já que não existem obrigações de fazer ao outro feliz, se não existem obrigações em estar com o outro, porque ficam então?
Porque se amam.
Ótimo, estamos por um bom caminho.
Agora me responde; se a relação traz dor, se isso e aquilo outro te incomoda, se dói, dói e dói, como é que faz?
Porque obrigações não existem, o que vale é o amor.
Então é preciso reconhecer os limites do amor e da dor.
Sim, o amor tem limites sim, sem esse papo de que o amor é sem limites e vai além do infinito, se o seu é assim, trate de colocar limites!
Reconhecendo os limites se faz necessário posicionar-se.
Mas o que pensar?
Se o amor existe!
Como fazer com a dor que insiste como resolver o que foi conversado e não foi mudado, o que fazer quando o medo de está sendo bobo vem à tona e nos vemos tomando atitudes inesperadas? Entra com a razão meu amigo, entre com a razão porque é a melhor coisa que você faz.
Se for deixar para esse tal de coração, vamos todos nos lenhar, to avisando!!!
Analisa as possibilidades, verifica qual a melhor atitude para doer menos e pronto.
E é aí que entra o amor por si.
Porque bem antes de amar o outro é preciso olhar pro umbigo, dar uma olhada de vinte minutos a cada três horas, não pode passar nem um segundo.
Ou cansamos, pedimos licença ao coração e caímos fora.
Ou as questões passam de fato a ser irrelevantes e não nos dói mais.
Ou o que foi conversado, dito e redito é mudado.
É tão simples quando chamamos a razão pra ajudar.
Isso tudo é pra não correr o risco de esquecermos de nós.
Isso não.
Porque aí sim temos obrigação.
Obrigação total de sermos felizes.
E seremos.

sexta-feira, 7 de março de 2008

...

O outro é melhor, é pior, ta errado, ta certo, tem que fazer assim, fazer assado.
Porque observar a vida do outro é bem melhor do que futucar a nossa.
É por isso que os BBB’s sempre fazem tanto sucesso, ali identificamos personagens e atitudes que tomamos durante a vida real, mas olhar pela tv é bem mais fácil.
Porque fala sério, já pensou você se identificar com Marcelo e perceber que toda vez que discute fala daquele jeito imbecil dele?
Ah não, o outro fazendo isso é melhor.
E é assim que começam os pitacos.
Pitaco = dar sugestão, opinião, emitir qualquer pensamento a respeito da vida alheia. Com ou sem permissão.
As pessoas têm certa dificuldade em viver suas vidas, tomarem suas decisões, mudar tudo, jogar pra cima e então aproveitam isso para então tomarem conta da vida de quem permite.
É um tal de jogar responsabilidade pra lá e pra cá.
Por isso que ouvimos tanto a famosa declaração apaixonada:
“Amor, minha felicidade está em suas mãos! “
Afinal de contas se não formos felizes culpamos ao outro, bem melhor!
Tá, tô meio confusa nesse texto.
Aliás, totalmente confusa.
Mas é que durante muito tempo eu fiz isso.
Fiquei dando pitacos na vida alheia e esqueci da minha.
Coloquei minha felicidade em mãos de outrem para ficar livre dessa responsabilidade.
Mas não adianta, chega um momento que a vida cobra as suas decisões, as suas escolhas, a sua história.
E aí tem duas saídas; finge que não é com você e segue em frente ou arregaça as mangas e mostra pra que veio.
O que a “mulher-maravilha” aqui escolheu?
Mangas arregaçadas, cara ao vento e vamos nessa.
Mas nada de pitacos alheios.
Cada um cuida da sua e a vida continua.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Solidão

Falar de solidão é complicado.
É ir além do estar sozinho.
Porque a solidão quando bate ela foge a regra do que nos diz os diconários:

"do Lat. solitudine, através de solidoes. f., estado de quem está só;lugar ermo, solitário."

Tenho medo de diversas coisas: de elevador, de voar, de amar...
Mas com certeza, meu maior medo é da solidão.
Porque não é preciso estar em lugar ermo ou estar solitário.
A solidão bate muitas vezes quando estamos cercados por multidão ou quando percebemos que não temos companhia para o café.
Pronto, é disso que tenho medo: de não ter com quem dividir o café.
Mas não estamos falando de café ou de medo, estamos falando de solidão.
Aquela que atinge milhões de pessoas.
Que faz com que Sr. Fulano sente numa mesa de bar e declare que trocaria todo o seu dinheiro por uma companhia no hora do café - esse café está me persseguindo.
Enfim, é uma solidão maior, é uma falta de identificação dos seus, daqueles que você sabe que tem e pode contar para a vida.
É comum as pessoas afirmarem que não precisam do outro, que são independentes e etc e tals...
Eu fujo disso aí.
Digo em alto e bom som.
Preciso de gente para ser feliz.
Peciso do outro, do que ele tráz, das idéias, do compartilhar, indenticar e seguir.
Não que eu tenha dificuldade para ficar sozinha - não que eu goste também.
Mas estamos falando do estar ao lado na vida, não só em momentos, tá dando pra entender? Porque solidão é assim, ela não escolhe dia nem hora, pode acontecer a qualquer momento, é por isso que é na vida que você deve estar cercado.
Não gente, não bateu a solidão.
Até porque, quando eu percebi que esse treco era complicao, eu tratei logo de identificar os meus, marcar direitinho - como se marca gado, saca? - e deixar cada um bem ciente do seu papel na minha vida.
Mas é que Sr. Fulano - aquele do café - procurou alguém para acompanhar, disse que trocaria todo seu dinheiro, não encontrou, tomou café sozinho e se matou.
A solidão faz mais uma vítima e o jornal não noticia.
Afinal, não é legal falar de solidão quando cada vez mais estamos nos conectando ao mundo, né?
Então tá.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Mau humor

Meu cabelo tá feio.
Minha calça tá apertando.
A aula de ontem foi chata.
Eu queria morar com você.
Não gosto que comam meu biscoito.
Quero outro emprego.
Vou trocar de celular.
Minhas unhas não crescem mais.
O calor tá demais.

Quer saber?
Voltar a escrever de mau humor é péssimo.
Mas voltei.
E vamos nessa.